Terapia gênica revoluciona surdez congênita rara em crianças
Descubra como a terapia gênica avança no tratamento da surdez congênita e impacta a medicina personalizada no Brasil.

Nos últimos anos, a terapia gênica para surdez congênita tem marcado um avanço sem precedentes no tratamento da deficiência auditiva genética, especialmente em casos causados pela mutação OTOF. Resultados recentes demonstram que crianças antes completamente surdas puderam recuperar audição funcional após receberem terapias inovadoras. Esses sucessos sinalizam uma nova era da medicina personalizada, trazendo novas perspectivas para o manejo clínico, prevenção da sobrecarga de reabilitação e redução da dependência de dispositivos auditivos. Neste artigo, exploraremos os mecanismos dessa abordagem, resultados em estudos recentes e implicações para o sistema de saúde brasileiro.
A mutação OTOF é uma alteração genética responsável por uma forma específica de deficiência auditiva genética, conhecida como DFNB9. Localizado no gene OTOF, essa mutação afeta a produção da proteína otoferlina, essencial para a transmissão dos sinais sonoros entre as células sensoriais da cóclea e o nervo auditivo. Pacientes com essa mutação, geralmente em caráter recessivo, apresentam compromissos importantes na audição desde o nascimento. Estima-se que até 60% dos casos de surdez infantil tenham origem genética, sendo a mutação OTOF uma das principais em diversas populações. O conhecimento dessas bases moleculares tem impulsionado tratamentos inovadores para surdez e justifica os avanços em terapia gênica para surdez congênita como estratégia de medicina personalizada.
A terapia gênica para surdez congênita, especialmente em casos relacionados à mutação OTOF, utiliza um vetor de vírus adeno-associado (AAV) para entregar uma cópia funcional do gene diretamente nas células da cóclea. Este procedimento inovador visa restaurar a produção da proteína otoferlina, essencial para a transmissão dos sinais auditivos. Após a administração intracoclear, o gene funcional começa a ser expresso, promovendo a recuperação auditiva. Ensaios clínicos recentes evidenciaram alta taxa de sucesso e perfil de segurança favorável em crianças, com raros efeitos adversos leves, reforçando o papel dessa abordagem entre os tratamentos inovadores para surdez, alinhada aos princípios da medicina personalizada.
Os resultados do recente estudo publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) reforçaram o impacto da terapia gênica para surdez congênita causada pela mutação OTOF. Crianças previamente portadoras de deficiência auditiva genética severa apresentaram recuperação auditiva funcional após a intervenção: cerca de 80% dos pacientes tiveram melhora significativa, com parte deles alcançando limiares auditivos próximos ao normal. Durante o acompanhamento, a maioria dos eventos adversos foi leve e transitória, como pequena inflamação local, sem registros de complicações graves. Estes dados consolidam a terapia gênica como um dos tratamentos inovadores para surdez e marcam um divisor de águas na medicina personalizada para crianças com mutação otof.
A introdução da terapia gênica para surdez congênita no contexto brasileiro representa uma potentíssima mudança na gestão da deficiência auditiva genética, com impacto imediato para o SUS. Primeiramente, ao abordar a causa raiz da mutação OTOF, essa abordagem pode reduzir drasticamente a demanda por aparelhos auditivos e reabilitação prolongada, aliviando custos estruturais e logísticos ao sistema público de saúde. Outra implicação é a necessidade de integração multidisciplinar: otorrinolaringologistas, geneticistas, fonoaudiólogos e enfermeiros deverão colaborar em protocolos padronizados de triagem, diagnóstico molecular e acompanhamento pós-terapia. O acesso equitativo será um desafio relevante; centros especializados, treinamento das equipes e inclusão do procedimento na lista de tratamentos incorporados ao SUS são etapas cruciais para ampliar o alcance dessa inovação. A terapia gênica também evidencia a importância da medicina personalizada e dos avanços em terapia gênica como motores de transformação para equipes clínicas especializadas que lidam com tratamentos inovadores para surdez.
A ampliação do uso da terapia gênica para surdez congênita desperta perspectivas animadoras para outras doenças raras de origem genética, especialmente aquelas causadas por mutações monogênicas semelhantes à mutação OTOF. O potencial dessa abordagem reside na capacidade de tratar doenças na sua etiologia, possibilitando intervenções precoces e potencialmente curativas. Novos ensaios clínicos já estão sendo conduzidos em distúrbios como a distrofia muscular de Duchenne, hemofilias e outras formas de deficiência auditiva genética. Contudo, desafios regulatórios, como a aprovação pelas agências de saúde devido à novidade tecnológica, somam-se a questões éticas — como o acesso equitativo, a segurança em longo prazo e os riscos de manipulação genética. Para os profissionais de saúde, acompanhar os avanços em terapia gênica torna-se fundamental, tanto para indicar pacientes-alvo quanto para discutir limites e perspectivas com as famílias, fortalecendo o compromisso com a medicina personalizada e com tratamentos inovadores para surdez e outras doenças raras.
O futuro da medicina personalizada para a surdez aponta para uma consolidação da terapia gênica para surdez congênita como padrão ouro em casos de mutação OTOF, oferecendo benefícios tangíveis para pacientes, profissionais e sistemas de saúde. A capacidade de tratar a causa primária da deficiência auditiva genética representa um salto qualitativo em relação aos paradigmas atuais de manejo, com significativa melhora da qualidade de vida e redução de custos em longo prazo. Profissionais de saúde devem manter-se atualizados sobre os avanços em terapia gênica, estimular o acesso precoce ao diagnóstico molecular e desenvolver competências para integração interdisciplinar. A experiência recente mostra a importância da vigilância a reações adversas, seleção criteriosa de candidatos e comunicação transparente com famílias. A medicina personalizada, baseada no perfil genético, será cada vez mais essencial na tomada de decisão clínica em tratamentos inovadores para surdez e demais doenças raras, abrindo fronteiras para a inovação translacional no Brasil.
Para mais informações sobre o estudo e seus resultados, acesse: https://www.biopharmadive.com/news/regeneron-gene-therapy-hearing-loss-deafness-decibel-otof/802627/