Retatrutida: Novo medicamento reduz obesidade em 28%
Retatrutida mostra eficácia contra obesidade, mas efeitos colaterais preocupam. Entenda impactos clínicos e manejo multidisciplinar.

Novo avanço no tratamento da obesidade: Retatrutida em destaque
Em um país onde a obesidade cresce de forma consistente e já atinge cerca de um em cada cinco adultos, a retatrutida para obesidade desponta como um potencial divisor de águas. Este novo medicamento para obesidade, em estudo pela Eli Lilly, acaba de reportar a maior queda de peso média observada até agora em um ensaio de fase 3: 28,7% em pessoas com obesidade e osteoartrite de joelho. Além do impacto metabólico, esse emagrecimento tem implicações clínicas relevantes para a ortopedia — dor, mobilidade e prognóstico articular podem melhorar substancialmente em populações com sobrecarga articular.
Ao mesmo tempo, os efeitos colaterais retatrutida trazem um alerta pragmático para a prática: taxas de descontinuação por eventos adversos entre 12% e 18% (vs. 4% no placebo), inclusive casos de saída por perda ponderal considerada excessiva. Isso reforça a necessidade de seleção criteriosa, educação estruturada e um tratamento multidisciplinar obesidade que envolva endocrinologia, nutrição, psicologia, fisioterapia e ortopedia para otimizar segurança e adesão.
Nesta série, iniciaremos pela eficácia clínica e pelos desafios de manejo: benefícios reais na redução de peso e dor articular, padrões de eventos adversos e estratégias para acompanhar o paciente ao longo do cuidado. Na sequência, discutiremos recomendações práticas para incorporar a retatrutida em protocolos brasileiros, com foco em resultados sustentáveis e centrados no paciente.
Eficácia clínica e desafios: benefícios, efeitos adversos e manejo profissional
Como antecipado na introdução, o estudo de fase 3 com a retatrutida para obesidade reportou perda média de 28,7% em pacientes com obesidade e osteoartrite de joelho, um patamar sem precedentes entre medicamento para obesidade. Clinicamente, essa magnitude se traduz em redução relevante de dor e melhora de mobilidade, pois cada 1 kg a menos reduz cerca de 4 kg de carga no joelho a cada passo, potencializando a reabilitação e o prognóstico articular.
Os efeitos colaterais retatrutida que mais motivaram abandono (12%–18% vs. 4% no placebo) foram predominantemente gastrointestinais (náusea, vômito, diarreia/constipação), além de relatos de taquicardia leve e colelitíase em classe semelhante. Chamam atenção saídas por perda ponderal considerada excessiva, reforçando a necessidade de metas individualizadas e monitorização nutricional para evitar sarcopenia e deficiências.
Para manejo seguro e adesão: 1) Seleção criteriosa: priorizar IMC ≥30 kg/m² ou ≥27 kg/m² com comorbidades articulares; cautela em histórico de pancreatite, gastroparesia, doença biliar ativa. 2) Titrar devagar: iniciar baixo e avançar conforme tolerância; pausar escalonamento durante sintomas GI; orientar fracionamento de refeições, hidratação e ingestão proteica (1,2–1,5 g/kg/dia) com exercícios de resistência. 3) Monitorar mensalmente: peso, circunferência, pressão, frequência cardíaca, perfil metabólico e sinais de cálculo biliar; rastrear risco de desnutrição. 4) Tratamento multidisciplinar obesidade: endocrinologia, nutrição, fisioterapia/treinamento de força, psicologia e ortopedia alinhando analgesia, reabilitação e metas de peso.
Esses pontos preparam o terreno para protocolos práticos que discutiremos na sequência do artigo.
Perspectivas e recomendações para uso da retatrutida na obesidade
Conectando os achados de eficácia e os desafios de manejo discutidos acima, a retatrutida para obesidade desponta como um avanço clínico com potencial de redefinir metas terapêuticas — especialmente em osteoartrite de joelho — desde que acompanhada de protocolos rigorosos de segurança e adesão.
- Seleção e preparo: indicar a pacientes com IMC ≥30 kg/m² (ou ≥27 kg/m² com comorbidades), alinhando expectativas, metas graduais e risco de sarcopenia; revisar antecedentes de doença biliar, gastroparesia e pancreatite.
- Titulação e monitoramento: subir dose lentamente, pausando em sintomas GI; acompanhar mensalmente peso, FC, PA, perfil metabólico e sinais de colelitíase; priorizar proteína 1,2–1,5 g/kg/dia e treino de força para preservar massa magra.
- Integração com ortopedia e reabilitação: estruturar perda ponderal progressiva para reduzir dor e melhorar mobilidade; ajustar analgesia e fisioterapia conforme a evolução funcional.
- Gestão dos efeitos colaterais retatrutida: plano antecipado para náusea/diarreia/constipação; critérios de manutenção ou redução de dose quando a perda for rápida demais; educação alimentar contínua.
- Protocolos e dados do mundo real: padronizar indicações/contraindicações e registrar taxas de abandono (12%–18%) e eventos adversos para aprimorar decisões.
Como medicamento para obesidade de nova classe, seu uso deve ocorrer dentro de um tratamento multidisciplinar obesidade, com revisão periódica de risco-benefício e início preferencial em serviços com experiência em farmacoterapia da obesidade.
